-XVIII-
Aflito coração,que o teu tormento,
Que os teus desejos tácito devoras,
E ao doce objecto,às perfeições que adoras,
Só te vás explicar co pensamento.
Infeliz coração,recobra alento,
Seca as inúteis lágrimas,que choras;
Tu cevas o teu mal,porque demoras
Os voos ao ditoso atrevimento.
Inflama surdos ais,que o medo esfria;
Um bem tão suspirado,e tão subido,
Como se há-de-ganhar sem ousadia?
Ao vencedor afoute-se o vencido;
Longe o respeito,longe a cobardia;
Morres de fraco?Morre de atrevido.
-BOCAGE-
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