segunda-feira, março 26, 2007

CONSOLAÇÕES NA TIRANIA DE UMA INGRATA

-XXXI-

Meu frágil coração,para que adoras,
Para que adoras,se não tens ventura?
Se uns olhos,de quem ardes na luz pura,
Folgando estão das lágrimas que choras?

Os dias vês fugir,voar as horas,
Sem achar neles visos de ternura;
E inda a louca esperança te figura
O prémio dos martírios,que devoras!

Desfaze as trevas de um funesto engano,
Que não hás -de vencer a inimizade
De um génio contra ti sempre tirano:

A justa,a sacrossanta divinidade
Não força,não violenta o peito humano,
E queres constranger-lhe a liberdade?

-BOCAGE-

Sem comentários: