sexta-feira, março 02, 2007

O POETA LIVRE DAS PRISÕES DE AMOR

-VII-

Ao templo do propício Desengano
A próvia Razão guiou meus passos;
Por ver-me,louco já ,mordendo os laços,
Os duros laços de um amor profano:

Ajoelho ante o númen soberano,
Mostro-lhes os roxos,os cativos braços,
Dizendo-lhe:«Grã Deus,faze em pedaços
Os ferros,que me pôs Amor tirano!»

A deidade,inimiga da Esperança,
Me responde :«Eu te livro do flagelo
Que oprime os corações;mortal,descança.»

Eis que,brandindo um lúcido cutelo,
Meus ferros corta,e logo da lembrança
Me escapa de Marfida o rosto belo.

-BOCAGE-

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