-XLIII-
Busquei num ermo Algânia feiticeira,
Que de abrasado feixe a par jazia;
Fui ver se atro conjunto me extorquia
Do laço antigo esta alma prisioneira:
Expus-lhe minha fé minha cegueira,
Tracei meus males,e a rugosa estria
Cedendo às ternas mágoas,que me ouvia,
Cuspiu três vezes na voraz fogueira:
Trémulas preces murmurou,e eu mudo;
Eis que as melenas em sinal d,espanto
Eriça com semblante carrancudo:
«Meu rito é vão»(me diz)«e é vão teu pranto;
O poderoso Amor zomba de tudo,
Não vence encanto algum d,Amor o encanto.»
-BOCAGE-
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