-XLIV-
Importuna Razão,não me persigas,
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor,se a força da ternura
Nem domas,nem contrastas,nem mitigas:
Se acusas os mortais,e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão,não me persigas.
É teu fim,teu projecto,encher de pejo
Esta alma,frágil vítima daquela
Que,injusta e vária,noutros laços vejo:
Queres que fuja de Marília bela,
Que a maldiga a desdenhe; e o meu desejo
É carpir,delirar morrer por ela.
-BOCAGE-
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