-XLV-
Ó trevas,que enlutais a natureza,
Longos ciprestes desta selva anosa,
Mochos de voz sinistra,e lamentosa,
Que dissolveis dos fados a incerteza:
Manes,surgidos da morada acesa
Onde de horror sem fim Plutão se goza,
Não aterreis esta alma dolorosa,
Que é mais triste que vós minha tristeza:
Perdi o galardão da fé mais pura,
Esperanças frustrei do amor mais terno,
A posse de celeste formusura:
Volvei pois,sombras vãs,ao fogo eterno;
E lamentando a minha desventura
Movereis à piedade o mesmo inferno.
-BOCAGE-
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