domingo, abril 01, 2007

INSÓNIA

-XXXVII-

Ó retrato da morte,ó Noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

Pois manda ,Amor,que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os,como costumas ,ouve , enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:

E vós,ó cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos,mochos piadores,
Inimigos ,como eu,da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.

-BOCAGE-

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